Somando forças para o tratamento da Dor.

dezembro 28, 2016 - pesquisaemdor

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Durante séculos, a dor crônica tem sido vista com olhar biomédico como sendo um problema exclusivamente nos tecidos. No entanto, os tempos estão mudando e agora sabemos que a dor (crônica) é um constructo complexo em que não só os “fatores fisiológicos” desempenham algum papel na dor. Além disso, a dor é influenciada por fatores psicológicos, tais como pensamentos e sentimentos, e fatores sociais, por exemplo, julgamento e crenças. Como resultado do crescente conhecimento sobre dor, os tratamentos para pacientes com dor crônica também estão evoluindo. Nas últimas décadas, os tratamentos estão cada vez mais integrando os aspectos biopsicossociais e multidimensionais que influenciam na experiência da dor. Para apoiar essa mudança de paradigma, surgiu uma estrutura diferente na área da saúde, baseada na cooperação transdisciplinar entre os profissionais de saúde. Numa equipe transdisciplinar, os profissionais de saúde (psicólogo, fisioterapeuta, médico e outros) tem seu próprio conhecimento profissional, porém com limites flexíveis, colaboram intensamente, aprendem um com o outro e aprendem juntos. Isto significa, por exemplo, que o psicólogo terá conhecimento profundo sobre a neurofisiologia da dor e o fisioterapeuta também abordará questões psicológicas com o paciente.

Neste blog gostaríamos de compartilhar nossas experiências pessoais com o trabalho em uma equipe transdisciplinar.

“Eu comecei a trabalhar nesta equipe transdisciplinar como psicólogo em maio de 2016. Antes desse trabalho, eu trabalhava como psicólogo em um centro de saúde mental “regular”. Durante este trabalho, notei que os pacientes com problemas psicológicos também tinham problemas ditos “fisiológicos” com bastante frequência. Eu aconselhava os pacientes com dor crônica com o melhor do meu conhecimento, mas, muitas vezes com base no senso comum: “Mantenha-se em movimento, não se sobrecarregue, pegue leve, e não exagere!” No entanto, eu vi a minha falta de experiência e de conhecimento para poder ajudar completamente os meus pacientes. Além disso, não havia possibilidade de cooperar com outros profissionais de saúde. Agora que faço parte desta equipe transdisciplinar, a maior vantagem é poder compartilhar conhecimento, questões e, o mais importante, a responsabilidade com meus colegas. Desta forma, acredito que podemos aumentar a chance de um tratamento bem sucedido para o paciente. Além disso, mesmo tendo me graduado como neuropsicólogo clínico, vejo que posso colaborar com médicos e fisioterapeutas e estar envolvido nos aspectos biomédicos das questões de saúde é um grande bônus para mim. Sinto que posso ampliar meu horizonte como psicólogo e isso me torna um terapeuta melhor e mais completo”.

“Durante a minha licenciatura o foco do treinamento foi sobre os aspectos biomédicos da fisioterapia. No entanto, enquanto eu estava trabalhando como uma estagiária descobri que há mais na vida do que músculos e tendões, e que os aspectos psicossociais muitas vezes influenciavam o resultado do tratamento. Foi onde meu interesse em trabalhar com o paciente com dor crônica aumentou. A maior desvantagem do trabalho multidisciplinar que eu encontrei foi o limite rígido entre o que um fisioterapeuta e o que um psicólogo fazem. Depois de alguns anos de trabalho em consultório particular, também ingressei em uma equipe transdisciplinar. Para mim, trabalhar com pacientes com dor crônica é uma experiência gratificante, porque podemos fornecer-lhes ferramentas que podem, muitas vezes, mudar a vida. Especialmente quando se trabalha de maneira transdisciplinar e falamos a mesma linguagem para o paciente podemos colaborar de forma intensa. Como fisioterapeuta, sinto que, devido aos processos de aprendizagem mútua, estou melhor equipada e agora tenho o conhecimento para incorporar os fatores psicossociais durante as intervenções fisioterapêuticas. Além disso, não se pode saber tudo, e sei que quando cheguei ao meu limite nos aspectos psicossociais ou médicos, meus colegas também estarão envolvidos no tratamento. Nós temos um ao outro.”

Em conclusão, embora o tratamento de pacientes com dor crônica de forma transdisciplinar não tenha sido extensivamente estudado, com base em nossa experiência clínica, acreditamos em suas vantagens em relação ao trabalho multidisciplinar. Em nossa experiência, os pacientes apreciam a colaboração intensa e nós, como membros da equipe transdisciplinar, gostamos de juntar nossas forças.

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Amarins Wijma, Fisioterapeuta, MSc.,

Pesquisadora PhD da Vrije Universiteit Brussel e da Transcare Groningen, Holanda

http://www.paininmotion.be/

 

 

 

 

 

 

 

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Rinske Bults, Psicóloga, MsC., 

Pesquisadora PhD da Vrije Universiteit Brussel e da Transcare Groningen, Holanda.

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