O monitoramento da dor no tenda?o patelar em atletas de voleibol

junho 6, 2017 - pesquisaemdor

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A Tendinopatia Patelar (TP) e? uma lesa?o cro?nica prevalente em atletas saltadores que e? difi?cil de ser administrada, especialmente durante a temporada (Rio et al, 2015). A presenc?a de dor durante a atividade e a sobrecarga tecidual sa?o os vilo?es dessa histo?ria. Interessantemente, Visnes et al (2012) indicaram em um estudo prospectivo que a habilidade para saltar (na tarefa de salto com contramovimento) e? um fator de risco para a dor no tenda?o patelar (Odds ratio = 2.09 (1.03–4.25)). Entretanto, por se tratar de uma lesa?o cro?nica e na qual a dor tem caracteri?sticas meca?nicas, nem todo atleta sempre refere dor no tenda?o durante a pra?tica esportiva. De fato, e? fa?cil o fisioterapeuta encontrar em sua pra?tica cli?nica atletas com o?tima performance no voleibol, sem queixa a?lgica importante, mas que possuem um grau de degenerac?a?o avanc?ado no tenda?o patelar. Nesse sentido, somente o monitoramento isolado da dor pode ser perigoso em atletas com maior chance de desenvolver a TP.

Uma metana?lise de McAuliffe et al (2016) indicou que anormalidades no tenda?o patelar visualizadas por meio de ultrassonografia sa?o preditivas de tendinopatia, aumentando essa chance em 4 vezes (Raza?o do Risco = 4.35 (2.62-7.23)). Dessa forma, seria interessante o monitoramento do tenda?o por meio de exames de imagem ao longo da temporada. Ale?m disso, o fisioterapeuta deve identificar estrate?gias e ferramentas de fa?cil aplicac?a?o para monitorar esse atleta em risco ao longo da temporada. Mendonc?a et al (2016) investigaram a acura?cia diagno?stica do questiona?rio VISA-P (amplamente usado para identificar a severidade da TP), do teste de agachamento unipodal no plano descente (comumente aplicado para a execuc?a?o do protocolo exce?ntrico de extensores do joelho) e da presenc?a de histo?ria de dor no tenda?o patelar nos u?ltimos 6 meses, em relac?a?o ao exame de ultrassonografia. Os resultados revelaram que a combinac?a?o dos crite?rios e? que produziu maior acura?cia. Ter resultados negativos em todos os 3 crite?rios foi um indexador de ause?ncia de anormalidades na ultrassonografia. Portanto, com esses 3 resultados negativos o fisioterapeuta na?o precisaria encaminhar o atleta para realizar o exame, por exemplo. Por outro lado, se o atleta possuir resultados positivos no teste de agachamento (presenc?a de dor no teste) ou ter a histo?ria de dor no tenda?o patelar, recomenda-se a confirmac?a?o da condic?a?o do tenda?o por meio do exame de ultrassonografia. Esse tipo de triagem auxilia o fisioterapeuta na tomada de decisa?o relacionada a?s suas condutas e pode promover economia para a clube esportivo que possui va?rios atletas elegi?veis para realizar exames de imagem.

Estrate?gias para controle da dor durante a temporada tem sido pesquisadas e talvez o exerci?cio mais difundido para cumprir esse fim seja o protocolo exce?ntrico dos extensores do joelho. Ale?m do manejo da dor, o exce?ntrico tem sido investigado por promover a remodelac?a?o tecidual do tenda?o e, consequentemente, melhora do grau de degenerac?a?o (Frohm et al, 2007). Entretanto, como e? um exerci?cio que aumenta a demanda do tenda?o, pode ser doloroso de executar especialmente ao longo da temporada e, consequentemente, a adesa?o do atleta tende a reduzir. Novas estrate?gias tem sido indicadas para lidar com essas limitac?o?es do exce?ntrico, como por exemplo, o uso de exerci?cios isome?tricos. Rio et al (2015) realizaram um estudo em atletas de voleibol durante a temporada esportiva. Eles encontraram uma reduc?a?o imediata na dor no tenda?o patelar apo?s a isometria (a 70% da contrac?a?o volunta?ria ma?xima) que durou ate? 45 minutos apo?s a aplicac?a?o. Ale?m disso, os pesquisadores identificaram um aumento da contrac?a?o isome?trica volunta?ria ma?xima do quadri?ceps apo?s a isometria. A hipo?tese levantada pelos autores e? que o exerci?cio isome?trico reduz a inibic?a?o cortical, entretanto, esse efeito foi local e na?o siste?mico, uma vez que participantes com TP bilateral na?o apresentaram melhora no lado contra- lateral ao investigado. Os efeitos encontrados na?o foram atingidos com a execuc?a?o de exerci?cio isoto?nico. A isometria pode permitir uma maior adesa?o do atleta, pois e? um exerci?cio fa?cil de ser aplicado, na?o exige muito do atleta em termos de gasto energe?tico e reduz a dor. Dessa forma, o atleta pode controlar a sua dor no tenda?o patelar ao longo da temporada. Ale?m do manejo da dor, seria recomendado que o fisioterapeuta mantivesse o monitoramento das condic?o?es estruturais do tenda?o seja por meio da ultrassonografia e/ou dos crite?rios cli?nicos indicados no estudo de Mendonc?a et al (2015).

Refere?ncias:

Rio E et al. Isometric exercise induces analgesia and reduces inhibition in patellar tendinopathy. Br J Sports Med 2015;49:1277–1283.

Visnes H et al. Jumper’s knee paradox—jumping ability is a risk factor for developing jumper’s knee- a 5-year prospective study. Br J Sports Med 2012;0:1-5.

McAuliffe S et al. Can ultrasound imaging predict the development of Achilles and patellar tendinopathy? A systematic review and meta-analysis. Br J Sports Med 2016;50 (24):1516-1523.

Mendonc?a LD et al. The Accuracy of the VISAP Questionnaire, SingleLeg Decline Squat, and Tendon Pain History to Identify Patellar Tendon Abnormalities in Adult Athletes. J. Orthop. Sports Phys. Ther. 2016;46 (8):673-680.

Frohm A, Saartok T, Halvorsen K, et al. Eccentric treatment for patellar tendinopathy: a prospective randomised short-term pilot study of two rehabilitation protocols. Br J Sports Med 2007;41:e7.

luLuciana De Michelis Mendonça

Doutora e Mestre em Ciências da Reabilitação – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG);

Presidente Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva – SONAFE-Brasil (2016-2017);

Docente do Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); – Docente do Programa de Pós Graduação em Reabilitação e Desempenho Funcional da UFVJM; – Especialista em Fisioterapia Esportiva – UFMG e SONAFE; – Especialista em Acupuntura – INCISA-IMAM;

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